Trabalhar viajando: os pros e contras!

Em Aconteceu na empresa por André M. Coelho

Viajar a trabalho, seja ocasionalmente ou como parte integral de sua carreira, pode produzir resultados conflitantes. Por um lado, você pode ter um grande desenvolvimento profissional e profissional, ao mesmo tempo em que esse desenvolvimento pode ser prejudicado pelo trabalho viajando. A verdade é que os resultados obtidos em um trabalho onde você deve viver viajando dependem de seus objetivos e engajamento na própria carreira.

Quero trabalhar viajando: entendendo o trabalho

Se você se encontra em uma posição em que deve viajar frequentemente, você deve primeiro determinar o que é essencial e o que é não-crítico para sua vida pessoal e profissional. Você deve, então, decidir as consequências de continuar a envolver-se em algo que está tomando seu tempo e recursos. Quanto menos você viajar profissionalmente, mais tempo terá para dispender com amigos e família, quanto mais você viajar, mais tempo terá para conhecer pessoas novas, lugares novos. O que é mais importante para você dependerá, diretamente, dos seus objetivos, e nossos critérios abaixo te ajudarão a definir quando – e se – um trabalho viajando é pra você.

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Trabalhar com viagens: preciso mesmo viajar para trabalhar?

Muitos acreditam que a presença física de uma pessoa é necessária para fazer alguma coisa, mas na realidade, a maioria das pessoas que viajam regularmente simplesmente acabam viajando para cumprir a função de outro funcionário em outro lugar. Não há praticamente nada que você não possa fazer remotamente. Você deve ser o juiz quanto ao fato de a sua presença ser realmente necessária, mas na maioria dos casos não é. E a viagem de trabalho se torna apenas uma maçante jornada rumo a uma cadeira de escritório.

Esse relato é real, e tenho vários amigos que começaram a trabalhar viajando, maravilhados com a hipótese de conhecer lugares novos, só para descobrir que eles eram mais um funcionário de escritório, mas que ficam “pipocando’ de filial em filial da empresa.

Descrição de trabalhos para quem vive viajando

O trabalho de quem vive viajando é muito romantizado, mas enfrenta pesados desafios, que podem não ser a melhor opção a todo mundo. (Foto: biocareers.com)

Rede de contatos profissionais em trabalhos com viagens constantes

Tire proveito de viagens para expandir sua rede. Sempre deixe as pessoas que estão na área de onde você estará viajando sabendo que você vai estar na cidade e oferecendo para se encontrar com eles. Esta é uma excelente maneira de se manter em contato, e para manter os canais de potencial de trabalho e de negócios abertos, tanto para você quanto para as pessoas que estão contigo.

Neste caso, há uma grande vantagem. Algumas das pessoas ouvidas para este artigo afirmaram que a rede de contatos profissionais que estabeleceram durante suas viagens foi essencial na carreira. Mais de um deles já foi chamado por um dos contatos para parcerias em negócios ou promoções no cargo em que estavam, ou mesmo como funcionários de clientes. As oportunidades são bem variadas.

Em algumas carreiras viajando, não há qualquer moderação na quantidade de viagens

Embarcar em um avião mais do que algumas vezes por ano, viajar mais de 8 horas por dia sentado em um carro, ficar menos de duas horas em uma cidade e ter que pegar um ônibus que vai demorar mais 10 horas para o próximo destino. Mesmo quem tem uma saúde perfeita sente um forte impacto dessa rotina puxada. Pensamos nas carreiras que passam os dias viajando como algo excitante. Mas geralmente, não é.

Peguemos como exemplo um dos relatos de um amigo. Ele contou que certa vez, teve de fazer São Paulo – Rio de Janeiro de carro, deixar o carro no RJ, ter uma reunião com um cliente, e do RJ pegar um voo no mesmo dia para Salvador, para chegar à noite e ter um jantar de negócios com potenciais clientes da empresa. Tudo isso enquanto ele estava com sintomas de gripe forte. No dia de folga que ele tinha na semana, em casa, ele passou quase 24 horas dormindo. E essa é só UMA das histórias que ele me contou, porque tem muitas outras ainda mais tensas.

Trabalhar viajando em cruzeiros, em terra, ou no ar: determinando prioridades

Quais são seus objetivos e prioridades? Se você está tentando aumentar sua renda, viajar pode não ser o caminho para isso, para além de um certo limite. Se você deseja passar mais tempo com os seus filhos ou amigos, viajar está em desacordo com isso. Se você trabalha para vários clientes, passar tempo demais em um lugar só com apenas um cliente terá impacto sobre o seu relacionamento com os outros.

Quem viaja muito, gasta muito. Pense que quando você tem um trabalho fixo, sempre terá amigos para encontrar, escolhendo o tipo de programa que vão fazer, do mais caro ao mais barato. Viajando, não há tantas opções assim, mas quem tem a prioridade de ganhar dinheiro acaba tentando economizar até demais.

Mais uma história para ilustrar as prioridades: uma amiga trabalhou em cruzeiros marítimos. A rotina é muito pesada e puxada, e ela foi “emendando” um cruzeiro atrás do outro, seguindo carreira na área porque queria economizar para abrir um negócio próprio. Depois de 3 anos trabalhando em cruzeiros, ela teve que estender em mais 2 anos o tempo que ela tinha estabelecido, simplesmente porque ela tinha gastado muito mais dinheiro durante as viagens porque não tinha opção do que fazer para se divertir. Ela conseguiu juntar o dinheiro, mas nos dois anos finais, praticamente não teve como se divertir e socializar com os colegas de cruzeiro. Prioridades geram sacrifícios, e no trabalho viajando, você fará todos os dias essas escolhas.

Entendendo o trabalho em um cruzeiro

O trabalho em um cruzeiro parece lindo nas propagandas. mas ninguém te fala das 12 horas de trabalho direto, do pouco tempo de descanso, da exaustão de ficar vários dias em alto mar. (Foto: www.cruiseshipdiploma.com)

Investimentos em viagens e o medo de perder clientes

Alguns clientes vão exigir que você viaje para visitá-los. E a empresa que você representa vai cobrar resultados, mesmo quando esse cliente não está na sua rota de viagem atual. Não tenha medo de perder um cliente. Deixe as pessoas saberem as suas regras de engajamento, as regras para viagens, e se eles não enxergam qualquer valor em você como um bom profissional, que auxilia em tudo que eles precisam, então uma ou outra perda de cliente não são problema. Afinal, cada viagem que você faz é um investimento, e é importante investir nos clientes que entendem seu papel, e não nos que te sobrecarregam de tarefas e pedidos.

Cada viagem deve ser um investimento na saúde do negócio. A viagem é um excelente meio de marketing pessoal. Encarando cada viagem como um investimento, você torna possível entender onde é melhor investir, e como ajudar melhor a empresa. Entende também quando um cliente realmente precisa de sua presença, e quando é apenas uma exigência “mimada”, economizando tempo e dinheiro para a empresa, que não tem que pagar viagens a toa para você.

Esses conhecimentos do trabalho em viagens podem ser usados em qualquer carreira, mas pesam muito nos ombros dos profissionais que estão começando no trabalho com viagens. Tenha como exemplo um dos profissionais que entrevistamos para este artigo. Ele é responsável por mais de 20 filiais de uma empresa. Casa, ele passa em dois lugares diferentes, dando extensivos treinamentos para os funcionários. Mas quando ele começou, ele visitava dois, 3 lugares a cada semana. Só com o tempo é que ele foi planejando melhor as visitas, e vendo que era possível anotar tudo que precisava ser melhorado, e fazer esses treinamentos em dois, três dias. Tem unidade em que ele já consegue dar treinamentos apenas por videoconferência, mas que no começo, ligava pra ele 20 vezes por dia. O medo de perder clientes, e o pensamento que viagens são investimentos, fizeram ele traçar um plano de ação, que teve excelentes resultados.

Seu tempo livre no trabalho em viagens será escasso

Seu tempo na estrada não deve ser considerado cem por cento tempo de negócios. Em um cruzeiro, seu tempo livre é 100% uma viagem, o que pode ser bom ou ruim. Por exemplo, se o seu voo está atrasado, use o tempo no aeroporto para escrever um relatório, ou ler um livro técnico para sua área. Ou se você está passando a noite em um hotel, use seu tempo livre para fazer exercícios ou para dar um passeio ao redor da cidade. Em um cruzeiro, quando ele não está atracado, suas opções de lazer serão poucas, já que nem todas as áreas são liberadas para tripulantes.

Um amigo, por azar, trabalhou em um cruzeiro latino americano. Por azar, digo, porque esses cruzeiros pagam mal, e a renda extra que dá pra fazer com gorjetas simplesmente não vem, porque os latinos não tem esse costume de dar gorjetas. Como já na primeira semana ele percebeu isso, aproveitou a viagem inteira estudando inglês no tempo livre, ao invés de ficar gastando dinheiro nas paradas. Com o inglês fluente, no cruzeiro seguinte, ele conseguiu uma rota nos EUA, e voltou pro Brasil comprando um carro 0 km. O tempo escasso que ele tinha livre foi muito bem utilizado, e ainda por cima, foi um investimento.

Veja um pouco sobre como pode ser pesada a rotina de trabalho em um cruzeiro marítimo.

Trabalhar com viagens não é uma fuga

Quem viaja frequentemente, ou trabalha viajando, está sempre fazendo algum tipo de sacrifício. Mas muitas pessoas também preferem o trabalho em viagens para fugir de problemas do dia a dia, onde moravam. Nesses casos, a escolha do trabalho viajando é um tiro no escuro, porque você não saberá os resultados.

Tenho tanto exemplos bons quanto ruins sobre quem “fugiu” dos problemas em trabalhos viajando. Uma amiga terminou um namoro de anos com um cara, e logo depois engatou um trabalho em um cruzeiro. Parte do trabalho era para fugir da frustração do término, a outra parte porque ela precisava de um emprego melhor do que o atual. Fato é que hoje, ela está super feliz ainda trabalhando em cruzeiros. Já outro amigo, que trabalhou viajando em cruzeiros para fugir de problemas que ele tinha com a família, acabou trabalhando demais para esquecer dos problemas, e voltou para o Brasil com alguns problemas de saúde. Hoje em dia ele se recuperou, mas não trabalha mais viajando.

Com nossas histórias e considerações sobre o trabalho viajando, esperamos ter ajudado nossos leitores a entender se essa é uma carreira que eles realmente querem ou não. Se ainda ficou alguma dúvida, deixe seu comentário, e teremos prazer em ajudar.

Sobre o autor

Autor André M. Coelho

André é pós-graduado em pedagogia empresarial, especializando na padronização de processos. Possui mais de 300 horas em cursos relacionados à administração de empresas, empreendedorismo, finanças, e legislação. Atuando também como consultor e educador empresarial, André escreve sobre Recursos Humanos desde 2012.

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