Cursos superiores sempre se pagam? Quais deles?

Em Recursos Humanos por André M. Coelho

Várias notícias e artigos científicos tem levantado a questão sobre os cursos superiores sempre se pagam e quando eles podem ser cursos que não trazer valor agregado no longo prazo. E a resposta tem consequências reais para alguém que está seguindo agora para um curso superior ou pensando em mudar de carreira.

Uma pesquisa recente divulgou como informação principal: “A recompensa para um diploma de curso superior é alta e crescente, mas não é tão simples assim.

Calculando o retorno sobre o investimento de um curso superior

Seja um curso superior de uma faculdade privada ou universidade pública, há sempre custos envolvidos. Estes custos podem ser seu tempo, materiais da faculdade, transporte, estadia, viagens, cursos, certificações e muito mais. Em resumo, calcular o retorno sobre o investimento em um curso superior exige levar em consideração uma série de escolhas que levam a resultados diferentes.

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O valor de um diploma universitário parece diferente dependendo de como os dados são analisados. Por exemplo, a diferença de rendimentos entre trabalhadores com e sem quatro anos de faculdade será maior em um estudo que examina todos na força de trabalho do que em um que considera apenas os trabalhadores de tempo integral. Isso porque graduados universitários são mais propensos a serem empregado e trabalhar em tempo integral do que as pessoas com menos educação.

Outra opção é olhar para os ganhos dos recém-licenciados ou considerar toda a vida profissional dos diplomados. A diferença de rendimentos entre trabalhadores com e sem diploma universitário é maior para os trabalhadores mais velhos e por isso, focar nos recém-licenciados pinta um quadro incompleto do cenário sobre o valor de um diploma de ensino superior.

O retorno sobre o investimento da graduação

Graduandos de cursos superiores podem ter toda a alegria do mundo no momento da graduação. Mas a partir do momento em que entram na vida de trabalho, os baixos salários de certas carreiras podem ser vistos como um prejuízo dado o tempo investido. (Foto: www.thestar.com)

Devo pensar então no longo prazo para o retorno sobre o investimento do meu curso superior?

Mas buscar ganhos durante a vida com um diploma de ensino superior também apresenta um problema: não há nenhuma garantia de que o mercado de trabalho vai tratar jovens trabalhadores de hoje da mesma forma que tratou seus antecessores. Não há como prever com exatidão o cenário futuro do mercado de trabalho.

Se os pesquisadores estão comparando os trabalhadores com e sem o diploma, eles também devem decidir como tratar a pós-graduação. Incluir os trabalhadores com graus avançados vai potencializar a recompensa do ensino superior. No final, não há uma resposta definitiva para saber como olhar para este conjunto de dilemas. Mas é importante entender os prós e contras de qualquer abordagem.

Mas e em um cenário de crise? Como fica?

É claro que o retorno sobre o investimento em uma educação universitária não é tão promissor como era antes. Se alguém faz faculdade simplesmente esperando um retorno econômico de seu investimento, a faculdade já falha sem o aluno sequer estar estudando.

Quando há falta de trabalhos, há uma crescente desconexão entre graus e oportunidades de emprego. Em faculdades privadas, onde as mensalidades estão cada vez mais caras, taxas e outras despesas são tão crescentes que pode ser preciso esperar 20 anos antes de se ver um retorno real do investimento no curso. Com base nessa análise de custo-benefício econômico, pode-se argumentar que uma educação de artes liberais é quase impraticável, pensado sob o aspecto do retorno sobre o investimento. Mas em cenários de crise, professores de arte mantém mais ou menos um mesmo nível de empregabilidade, já que escolas mantém um mesmo número de professores e muitos deles se aposentam ou trocam de profissão. Isso vai ao contrário de outros setores do mercado, como o industrial, onde o número de empregos depende diretamente da demanda do mercado. Então, um mesmo professor de artes empregado por dez anos pode acabar tendo um retorno sobre o investimento mais rápido do que um engenheiro de produção que trabalhe 3 anos mas com um salário maior.

Mas e então? Como escolher um curso superior que vá se pagar?

A meu ver, a discussão sobre o investimento no ensino superior faz algum sentido, pois os custos aparentemente superam os benefícios. No entanto, seria um erro, na minha opinião, assumir que este é o princípio e o fim de tudo em uma avaliação. O ensino superior deve ser mais do que um rito de passagem ou um bilhete para o emprego. Deve envolver mais do que a chamada ritualística para o crescimento pessoal. O ensino superior deve também preocupar-se com a transmissão da tradição intelectual que sustenta a nossa civilização ocidental.

Em um Podcast do site Freakonomics, Steven Levitt e Stephen Dubner discutem com vários profissionais que analisam esses dados. A proposta deles é sempre obter respostas diferentes na análise de dados. O que eles conseguiram analisar foi que mesmo sabendo que certas profissões sem um diploma possam até ser mais rentáveis do que uma com diploma, em momentos de crise, quem tem um diploma tem maiores chances no mercado. É uma boa forma de analisar os dados e dar uma visão crítica sobre o processo.

Se há um crescente cinismo sobre o ensino superior, é porque muitos já sabem que os quatro anos de “estudo” muitas vezes envolvem assuntos banais e muitas horas de trabalho. Educadores perderam a perspectiva, e a academia está à deriva em um mar de vazio. Como tal, o ensino superior não fornece nenhum guia para o futuro dos alunos e sequer está conectado com a realidade do mercado de trabalho.

Aí cabe a regra máxima de uma graduação: faça o que você gosta e faça bem, que por pior que seja para “pagar” sua graduação, seu investimento irá valer cada centavo.

O que vocês acham sobre os diplomas? Opinem nos comentários abaixo!

Sobre o autor

Autor André M. Coelho

André é pós-graduado em pedagogia empresarial, especializando na padronização de processos. Possui mais de 300 horas em cursos relacionados à administração de empresas, empreendedorismo, finanças, e legislação. Atuando também como consultor e educador empresarial, André escreve sobre Recursos Humanos desde 2012.

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